quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A Dançarina.

Imagem localizada no google e editada por mim. Caso encontre problemas de Direito de Uso ou Autoral, favor entrar em contato.

         Agora, dance!

         A entrada no palco devia ser perfeitamente calculada, não podia chamar atenção desnecessária, porém o alvo devia notá-la.

         A primeira pirueta demandava toda a classe, um sorriso sútil, olhos baixos. O encontro devia parecer casual, senão ele desconfiaria.

         Mais uma volta, gestos contidos. Confiança, tudo devia fluir como se fosse natural.

         Um, dois, três.
         Um, dois, três.

         Ouvia os instrumentos em sua mente, não era um ballet, mas quase uma valsa, talvez um tango. O ritmo ia crescendo com o correr da noite, a intensidade da musica aumentava.

         Entre taças de bebida e conversas frívolas, precisava conter suas intenções. Olhos baixos, demonstrando vulnerabilidade.

         Um cruzar de pernas elaborado, um passo complicado executado com perfeição. Seu público estava fascinado. Sucesso.

         Mais meia volta.

Bravo!

O vestido era confortável, lhe dando liberdade de movimento, bem como os sapatos. Nada atrapalhava seu conforto. Era preciso ser suave e ter fluidez, tudo com extrema elegância.

         Um pequeno tropeço e o alvo quase perde o interesse.

Uma manobra arriscada, com muitas firulas para que pareça ainda mais complexa. Salta em seus braços, o faz crer que o show é todo para ele, todo dele.

         Sucesso em cativar novamente a plateia.

         Grand Finale!

         O espetáculo tornou-se intimista, o seduziu para longe de todos os demais. Ele parece embriagado, da performance e do vinho.

         Uma pequena mecha caiu do penteado perfeito. Não é uma falha, torna tudo mais orgânico, é o ideal.

         Enlaça seus braços no alvo, o ápice se aproxima.

         O último passo, seu momento de brilhar. Busca controlar a respiração ofegante, enquanto uma fina gota de suor gelado corre por sua nuca.

Um gesto calculado, mãos rápidas, braço firme.

         A lâmina brilha a meia luz, o corte é limpo e a morte é rápida.

         Brilhante! A orquestra diminui o compasso da música pouco a pouco.

         O alvo tem dificuldade em entender o que aconteceu. Em seus braços, a respiração cada vez mais difícil. As luzes se apagam.

         As cortinas se fecham, ninguém compreenderá o que aconteceu.

         Mais uma apresentação perfeita.


Fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário