Imagem localizada no google e editada por mim. Problemas de créditos ou uso, favor entrar em contato. |
O pânico causado pelo desmoronar da falsa bolha de segurança o tornava temido.
Ele que era acusado de devorar tudo, enquanto
esqueciam que também era responsável pelo nascer e crescer.
Não era tarefa das mais agradáveis ter
de responder tantos porquês, depois de tantas eras tornara-se enfadonho.
Em algum momento, a eternidade soou
convidativa, decidiram que apenas o que era eterno poderia ter valor e a busca
pela imortalidade permitiu o nascimento das mais belas obras. Porém havia um
vazio, uma frustração, esta sim eterna, por jamais atingir o objetivo.
Na luta contra o passar das horas, as
pessoas deixavam de aproveitá-las. Na luta para durar mais, não saboreavam o
que tinham e se frustravam pela insuficiência.
Amaldiçoava quem inventara o mito da
eternidade e lhe atribuíra tanto valor.
Seres tão curiosos os humanos, tão
determinados a durarem, porém incapazes de lutar para aproveitar o que tinham.
Curiosa espécie, que prioriza o sobreviver ao viver.
Sim, era muito odiado, quando com sua
foice vinha derrubar tudo aquilo que não estava firme. Cujas estruturas não se
sustentavam mais de pé e em verdade sua permanência representava perigo.
O brutal medo da mudança, tornara a
espécie acomodada em torres que desmoronavam ao seu redor, sem que tivessem a
coragem necessária para abandoná-la.
Então ele vinha e quebrava essas bolhas
de falsa proteção e eles o odiavam por isso. Porque os forçava a seguir em
frente ao invés de ficarem parados onde só havia miséria e insatisfação.
Insatisfação eterna, pois nada era o suficiente,
nunca. Cobiçavam muito, porém se recusavam a dispor do pouco que tinham e o
culpavam por passar, levando o que já não mais prestava e os forçando a buscar
o novo.
Era frustrante ser constantemente
culpado por fazer o que a sua natureza determinava, enquanto aqueles que não o
faziam, o acusavam de seus fracassos.
Via-se em brigas desmedidas e guerras
acirradas, sendo odiado e atacado. Tudo em vão, afinal era implacável.
Gostava dos poucos sábios que o
saudavam como um velho amigo, que bebiam de sua sabedoria e conquistavam sua
amizade. Não que fosse menos doloroso para estes quando iam por terra
construções que acreditavam serem firmes, mas ao menos compreendiam, aprendiam
e seguiam. Carregavam consigo o que valia a pena, que lhes trazia real benefício
e se dedicavam a buscar o que realmente desejavam. Eram prósperos.
Os tolos, coitados, desejavam
igualar-se a ele, clamando sua suposta imortalidade, incapazes de perceber que
ele próprio morria e renascia a cada ciclo, deixando para trás o que já não
mais prestava e abrindo espaço para novidades. Pois apenas assim é possível
existir.
Fim.
Vou imprimir e colar esse na agenda pra quando pensar em reclamar de 2017 rs
ResponderExcluir