quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A Esposa do Dragão.

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Aproximou-se da cama com tranquilidade, o punho dourado da adaga em sua mão, quente e sólido, lhe dando estabilidade e segurança. Pensou que talvez devesse cantarolar enquanto fazia o curto trajeto da entrada do cômodo até seu alvo, louca, tal qual a descreviam nos cochichos pelo palácio, mas não tinha motivos para satisfazer o imaginário deles.

Analisou a figura deitada sobre a cama, o corpo forte, barba e cabelos bem parados, um membro da nobreza. Sabia que as pupilas cerradas escondiam olhos azuis claros, que sua voz era agradável e o meio sorriso brincalhão fazia as donzelas corarem. Um príncipe encantado.

Torceu os lábios com nojo, sentindo queimar no canto dos olhos as lágrimas de ódio. Ergueu o punhal usando as duas mãos, com fúria, e o afundou no peito largo. Uma. Duas. Três vezes.

Pego de surpresa, ele não conseguiu gritar, tão pouco teve forças para impedi-la, apenas a encarou, aterrorizado, engasgando com o sangue que lhe enchia os pulmões.

Ela o encarou de volta, diretamente, com os olhos frios, enquanto o sangue ensopava os lençóis brancos. Não havia felicidade ou prazer em fazer o que tinha feito. Fizera porque era necessário, porque não seria livre de outra forma.

Limpou a lâmina da adaga em um pedaço imaculado dos lençóis e então a fincou no travesseiro, ao lado do rosto do rei assassinado. Afundando até que apenas o punho em forma de dragão ficasse visível, os rubis vermelhos, que representavam os olhos, brilhando ardentes a luz das tochas, como o sangue que escorria.

- Esta feito. - Murmurou consigo mesma. Dando as costas para cena e retornando pelo mesmo caminho do qual viera.

Cinco anos antes, era levada pelos servos de seus pais em uma carruagem sem janelas, toda feita de ferro. Chorava, encolhida em um dos cantos, ainda incapaz de crer em seu destino.

- "Seja forte" - Seu pai havia lhe dito como únicas palavras de despedida, enquanto a via ser levada pela ama para a carruagem. Não havia qualquer calor em suas palavras. Livrar-se da terceira filha, sem ter de despender um dote, era mais um alívio que qualquer outra coisa.

Sua mãe sequer aparecerá, ocupada com os bordados do vestido de noiva de sua irmã mais velha, talvez.

Suas irmãs deviam estar ocupadas ajudando-a e seus irmãos ocupados com... Qualquer outra coisa.

Foram três dias de viagem, apenas com paradas curtas, para que os cavalos pudessem se alimentar e descansar, até que chegassem ao destino.

Pela pequena abertura lateral, viu a vegetação se tornar mais densa e o grande vulcão se aproximar.

Soube que havia chegado, quando percebeu que já não conseguia enxergar o topo.

Aos pés do vulcão, como se tivesse sido talhado na própria pedra, estava um enorme castelo, com duas torres laterais que se projetavam para fora da rocha e um enorme portal de ferro negro que precisaria de dezenas de homens para movê-lo.

Ouviu os soldados rapidamente desatrelarem os cavalos e então partirem. Deixando-a ali, trancada em seu cubículo de metal.

Aguardou apreensiva, encolhida em seu canto e olhando assustada pelo vão, até que o sol se pôr.

Neste instante, o grande portal do castelo se abriu, e ela prendeu a respiração, sentindo um nó se formar em sua garganta ao ver um vulto negro sair pela abertura e seguir em sua direção.

Seu coração batia forte em seu peito, a pressão quase dolorosa em seus ouvidos, quando o ouviu puxar com força inumana a porta da carruagem, fazendo com que a luz invadisse aquele espaço pela primeira vez em dias.

Analisou, encantada, a forma que se projetava a sua frente, contra a luz do crepúsculo.

Era quase humano, embora certamente excedesse com facilidade os dois metros de altura, o corpo largo e musculoso era coberto por uma pele mais escura do que a dos estrangeiros que já encontrara, tão negra que chegava a reluzir.

Uma das mãos de três dedos, terminados em garras brancas, se curvou contra o topo da carruagem, quando ele se inclinou para olhá-la.

Ela se sentiu pequena e, ao mesmo tempo, o centro de toda a existência, com aquele os grandes olhos laranjas e reptilianos sobre si. Se estômago se contorceu de prazer quando ele sorriu satisfeito, a despeito do terror que acreditava que devia sentir diante da fileira de dentes brancos e afiados que surgira entre os grossos lábios escuros.

- Você é tão bela. - Ele lhe disse, em uma voz grave e rouca. Fazendo com que algo parecesse se derreter em seu ventre e escorresse por todo seu corpo, enchendo-a de satisfação.

A criatura estendeu a mão para ajudá-la a sair e ela sentiu seu corpo se movendo sem que pudesse controlá-lo. Sua mão pequena contra a dele, que se fechou em um aperto firme, irradiando calor e segurança enquanto a puxava para fora.

Caminhou de volta aos seus aposentos com cautela. Conhecendo a rotina dos guardas do palácio, conseguiu se esgueirar com facilidade pelos corredores praticamente desertos naquela hora da madrugada.

Quando se viu de volta a segurança de seu próprio quarto, permitiu-se atentar a como seu corpo reagia a suas ações, o coração disparado, o suor gelado na nuca e as mãos trêmulas. Sentiu novas lágrimas queimarem seus olhos, sem saber se eram de raiva, alívio ou desespero.

Respirou fundo, buscando se recompor. Tirou a camisola manchada de sangue e jogou-a na lareira, permitindo finalmente que as lágrimas corressem enquanto assistia a evidência de seu ato ser destruída. Acariciou o próprio ventre, deixando os soluços doloridos ecoarem pelas paredes frias.

Já não era mais a pequena menina de 13 anos que os pais mandaram para sacrifício, mas sentia-se tão frágil e só quanto naquele tempo.

Deitada na enorme cama de lençóis rubros, sentia-se plena como sua mãe jamais acharia adequado uma dama sentir-se. Não sabia há quanto vivia naquele castelo, o tempo corria diferente dentro daquele local mágico, mas seu corpo se desenvolvera, deixou de ser a menina magricela e desajeitada para tornar-se mulher.

Sorriu satisfeita, sentindo os braços fortes de seu, agora, amante, a envolverem.

- Perdida em pensamentos, pequena coruja? – Ele lhe perguntou em tom baixo, distribuindo beijos em seu pescoço e arranhando a pele sensível com seus dentes.

         Ela sentiu seu interior se contorcer de satisfação, como sempre, desde a primeira vez que se vira como centro das atenções dele. Arrepiando-se ao sentir a língua quente e bifurcada acariciar o pequeno espaço atrás de sua orelha, rio.

Ele ainda a chamava de “coruja”, como quando chegara ao castelo ainda tão jovem, acreditando ser uma oferenda para aplacar a fúria do terrível ser que ameaçava o reino de seu pai.

Lembrava-se de sua surpresa ao ouvi-lo explicar que ele era o senhor daquele castelo, a quem todos temiam. Não soube o que dizer, quando ele lhe disse que tinha se encantado por ela. Um ser tão poderoso, encantado por ela, a garota que vivia a ser repreendida por perguntar demais?

Virou-se para ele, afundando as mãos entre as tranças de cabelos escuros, beijou-o com calma, saboreando as sensações de suas línguas se envolvendo e os corpos se tocando, como se o tempo corresse no ritmo de suas respirações.

- Pensando sobre a minha sorte, sobre o que de muito certo devo ter feito para merecer tudo isso. – Respondeu, quando se separaram.

O ser riu, satisfeito, apertando mais o corpo dela contra o seu.

- Eu lhe disse quando chegou. Admiro a capacidade humana de aprender, de se adaptar e reinventar, mas lamento como o medo os fazem tolher essas habilidades. Preferindo esconderem-se sob a crença de uma força maior que toma todas as decisões e assume todas as responsabilidades. Lamento como abrem mão de suas liberdades, pelo conforto da ausência de culpa em se deixar controlar. – Ele repetiu as palavras que lhe dissera muito antes, quando perguntara o porquê dele a ter escolhido. Acariciando os fios macios de seu cabelo negro, que não cortara desde que havia deixado o reino de seu pai.

Naquela época, ele explicou que havia ficado fascinado com a curiosidade dela, o desejo de entender o mundo ao redor, elogiando-a por coisas que sempre a fizeram ser alvo de reprimendas de seus pais e mestres. Desde então ele a tratava por “coruja”, devido aos grandes olhos castanhos claros, que ele dizia estarem sempre a tentar observar tudo.

A jovem se reclinou mais contra seu amante, tornando a beijá-lo e compartilhando a enorme alegria que sentia em estar ali, com ele. No castelo encantado, ela sentia-se livre, a cima da fascinação sobrenatural que ele exercia sobre ela, amava o fato de que ele lhe permitira ser quem realmente era.

Deixou que as lágrimas lavassem toda a raiva que acumulara em seu interior, toda a mágoa, decidida a não levar consigo nenhum sentimento amargo.

Percebendo que logo amanheceria, a mulher tornou a vestir-se, a calça de couro macio e a blusa de algodão aquecendo seu corpo, por de baixo do corset e corou rígido, roupas que lhe davam proteção e mobilidade. Permitiu-se sorrir calçando as botas de montaria, sentindo o alívio de se livrar dos saltos e sapatilhas apertadas que a impediam de correr.

Juntou tudo que lhe era importante, poucas roupas e seu diário, deixaria para trás os vestidos bordados e as joias, nada daquilo era realmente dela, suas coisas haviam ficado no lar de onde havia sido arrancada e para onde finalmente voltaria, tendo se livrado de seu sequestrador.

Sabendo que não conseguiria sair pela porta principal sem chamar atenção, jogou a corda pela janela lateral e desceu por ela, após assegurar-se que estava bem presa. Usando a furtividade e agilidade que ele a ensinara, conseguiu se esgueirar para fora dos muros do palácio pela pequena porta usada pelos criados.

A vida em um castelo magico era mais comum do que se poderia imaginar. Ela era livre para ir onde quisesse, mas preferia passar a maior parte do tempo entre os tomos guardados na biblioteca ou no quarto de seu amante.

Nas raras vezes que saia, preferia as trilhas da floresta, do que os vilarejos próximos, onde lhe olhavam com temor ou repulsa. Durante algum tempo sentira raiva dessas pessoas, mas já não mais conseguia sentir nada além de desprezo e pena por aqueles que se sentiam com direito de julgá-la.

Era com orgulho que aceitava a alcunha de “Esposa do Dragão”, permitindo-se dar apenas um pequeno sorriso debochado a aqueles que sussurravam tais palavras em suas costas, como se fosse uma ofensa.

Tinha o privilégio de poder dizer que era feliz, não apenas por ter em seu amante um companheiro e não um dono, como porque ele lhe dera a oportunidade de se conhecer a si própria e se amar, livre do julgamento alheio. Sentia-se sorrir sempre que se lembrava dele explicando que decidira pedi-la a fim de que pudesse desenvolver-se livre das hipócritas regras da sociedade, de como ele a tratara com respeito e amizade, até que ela, livremente, fosse até ele e pedisse que se tornassem amantes. Fora escolha dela, tudo que fizera desde que chegara a aquele castelo foi por escolha própria.

Por tudo isso, sentiu seu coração falhar uma batida e um nó formar-se em sua garganta quando o viu entrar na biblioteca no alto da noite, a mandíbula travada em uma expressão séria e os ombros tensos.

- Agatha, vá para a torre norte e tranque-se lá até que eu lhe diga que é seguro sair.

Suas pernas se recusavam a lhe obedecer, pesadas como se feitas de chumbo. Ele apenas a chamava pelo nome em momentos realmente sérios. A torre norte beirava a boca do vulcão e era o local mais seguro do castelo.

- O que esta acontecendo?

Neste momento, tendo parado para prestar atenção nos sons ao redor, ela ouviu ao longe o som de tambores de guerra se aproximando e olhando pela grande janela da biblioteca pode ver a luz de tochas.

Sentiu-se ser envolvida pelos braços dele, o terror em seu peito recuando diante da sensação de segurança que ele lhe transmitia, fazendo-a sentir-se pequena e protegida em seus braços.

- Um exército vem atacar o castelo, não reconheço seus brasões. Você deve se esconder até o final da batalha.

Abraçou-se mais a ele, respirando fundo para recuperar a compostura.

- Esta louco, Guilherme? Eu defenderei nosso lar do seu lado. – Falou, a voz firme e os olhos determinados olhando diretamente para os dele, a despeito da sensação ruim que deixava um sabor amargo em sua boca.

Ele a beijou com força, sua língua explorando todos os recantos de sua boca, parecendo buscar absorver todo o seu sabor. Separando-se apenas para poder correr beijos pelo seu pescoço e colo.

- Minha bela coruja, eu não teria maior aliada em batalha. – Sua voz era quente e amorosa quando ele lhe acariciava o ventre. – Mas não posso deixar que lute na sua condição. Por favor, atenda meu pedido.

Na época não entendeu o que ele queria dizer, mas viu um medo tão grande no fundo dos olhos laranjas, que decidiu não discutir.

Seguiu para a torre na companhia de algumas criadas, passando o ferrolho na porta no exato momento em que ouviu o exército arrombar o portal de entrada do castelo. Ignorando os avisos, não conseguiu evitar de se posicionar na janela da torre que lhe permitia enxergar o pátio principal do castelo, sendo agora tomado por vários homens em armaduras, que gritavam como bestas furiosas.

Os invasores pareciam perdidos, quando avistou seu amado surgir do alto da escadaria principal e falar em um tom que nunca antes o vira usar.

- Mortais, como ousam invadir minha morada? - Sua voz normalmente grossa e rouca, agora assumia um tom tonitruante, tão alto e inumano que parecia ecoar por todas as paredes e conseguia chegar a distante torre.

Assistiu um dos homens, o líder, tomar a frente, vestia uma reluzente armadura prateada, montado em um enorme cavalo branco e armado com uma lança. Não conseguiu ouvir o que ele disse, mas mesmo a distância percebia a fúria crescendo em seu amante, o corpo parecendo dobrar de tamanho, quando ele deixou as costas totalmente retas e inflou o peito, antes de voltar a falar.

- É o meu último aviso, cavaleiros, deixem meus domínios agora e demonstrarei piedade.

Os outros invasores recuaram um passo, dispostos a aceitar a generosidade. Porém o líder, orgulhoso, assumiu posição de batalha e disse mais alguma coisa, antes de apontar a lança e comandar o cavalo na direção de Guilherme.

Após isto tudo ocorreu muito rápido ou as lembranças eram tão dolorosas que ela mal podia recordar os detalhes. Ouvira Guilherme soltar um urro aterrorizador, que abalou as estruturas do castelo, parecendo fazer com que o vulcão quase entrasse em atividade em resposta. Uma enorme onda de fogo saiu de sua boca, expandindo-se e preenchendo todo o espaço do pátio, tão rápido que os invasores mal tiveram chance de gritar antes de serem atingidos.

O cheiro nauseante de carne queimada subiu até a torre junto com a fumaça, que tornava quase impossível de enxergar. Assistiu, maravilhada, por entre as chamas e a fumaça erguer-se a majestosa verdadeira forma de seu amado, tão grande que quase tomava todo o pátio, as escamas negras reluziam a luz das chamas e os enormes olhos laranjas brilhavam com fúria quando ele se ergueu nas patas traseiras, batendo as enormes asas de morcego, ao mesmo tempo que dava um novo urro. Então projetou o corpo para frente, causando um terremoto ao chocar as patas dianteiras contra o solo ao mesmo tempo que soprava uma nova chama.

A jovem não foi capaz de acreditar quando viu que dos invasores conseguiram sobreviver aos ataques, o brilho sobrenatural de sua armadura do líder indicando que devia ser mágica.

O enorme dragão observava todo o espaço do pátio, suas enormes asas batendo para dissipar a fumaça enquanto buscava o invasor.

Agatha viu percebeu com terror que o cavaleiro tentaria atacá-lo pelas costas e gritou aterrorizada.

- Não!

A audição sensível da criatura captou seu grito, permitindo que ele volta-se a enorme cabeça a tempo e, vendo o ataque, utilizasse a enorme cauda para acertar em cheio o abdômen do adversário, o atirando contra uma das pilastras.

Porém outros guerreiros entraram na batalha, jogando correntes sobre Guilherme e tentando aprisioná-lo.

Uma sequência de ataques e defesas se seguiu, o cavaleiro correu diretamente em direção ao dragão, se aproveitando do fato de que seus companheiros estavam conseguindo retardar seus movimentos, a armadura o protegendo das labaredas e quando dragão abriu a boca, determinado a engoli-lo, ele conseguiu posicionar a lâmina de forma a atravessar-lhe o céu da boca, em um golpe fatal.

A jovem assistiu a queda do amante como se uma parte de si fosse arrancada. As servas tentaram puxá-la para que pudessem fugir, mas ela estava em estado de choque, ajoelhada contra a janela, os olhos vítreos, sem vida, por onde escorriam lágrimas.

Sentiu seu ventre se retorcer, como se dentro de si algo urrasse, compartilhando sua dor.

Naquela época, ela não entendera porque seu amante não havia deixado que lutasse. Também quando os cavaleiros arrombaram o quarto em que estava e a encontram, não teve forças para reagir, embora tenha se debatido e gritado por socorro, sua alma em pedaços não encontrou forças para impedir que a carregassem.

Tão logo chegou ao reino do cavaleiro de armadura brilhante, descobriu que seu pai havia espalhado o desafio de que se algum bravo guerreiro derrotasse o dragão que aterrorizava suas terras, teria sua mão em casamento.

Gritou sua revolta em plena corte, acusando o pai de sequer saber se ela ainda estaria viva após tantos anos. Foi taxada de louca e censurada, acusada de estar possuída. Teve tolhido seu direito de se expressar e decidir seu destino por conta própria.

Apenas quando uma das servas falou que o vestido de noiva deveria ser largo, a fim de esconder a barriga, foi que ela se deu conta de que a dois ciclos lunares não sangrava e entendeu os atos de seu amante. Foi ali que recuperou suas forças, encontrando um novo motivo para lutar e armando seu plano de fuga.

Os primeiros raios de sol acariciaram sua pele, trazendo a promessa de dias melhores.

Ela já deixara a vila ao redor do castelo para trás e se preparava para adentrar a mata.

Sabia que ainda haveria um longo caminho até estar em casa, mas sorriu feliz, recuperara o maior presente que seu amado lhe dera, recuperara sua liberdade.
Fim.

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