Novamente
esse liquido, quente e pegajoso, banha a minha lamina. A mão que segura meu
cabo me balança tentando retirar, pelo menos um pouco, o liquido rubro, porém
minha lamina absorveu mais um pouco de sangue. Ele me guarda em minha bainha,
lá ficarei até o próximo combate.
Não
entendo meu dono, ele me empunha em nome da justiça, diz. Segura com força o
meu cabo e faz com que minha lamina rasgue a carne de seus inimigos. Os gritos
de dor me fazem vibrar, provocando uma melodia baixa e lúgubre, meu dono parece
triste e seus olhos lentamente perdem o brilho, mas ele aguenta a dor. Ele diz
sentir uma dor no coração, mas nunca vi arma alguma cravada em seu peito. Meu
dono segue em frente dizendo "É pela justiça."
O
que é a justiça para os humanos? Eles acham certo matar seus semelhantes,
apenas porque pensam diferente. Isso é justo? Eles se sentem mal por fazê-lo.
Por que fazem? Eles provocam sua dor e a dor dos outros, eles provocam o seu
sofrimento e o sofrimento alheio, por quê?
Ele
para a viagem, outro inimigo? Já? Ainda estou molhada, não deve fazer nem um
dia desde a ultima luta, ainda sim sou puxada para fora. O adversário tem um
sorriso cruel nos lábios. Agora lembrei, há humanos que gostam de matar! É
contra esses que meu dono luta, mas ele não é igual a esse? Meu dono também
mata, então por que ele está certo? Por que mata?
Vencemos
de novo, mais um corpo deixado para trás na estrada da vida de meu dono. Um
pouco de sangue em mim se dilui em água salgada. Minha lamina antes banhada com
sangue, agora é molhada por lagrimas. Novamente ele chora, por quê? Ele não faz
justiça? O que é a justiça humana? Matar quem não é igual é justo? Matar é
justo?
Nunca
vi espécie mais estranha que o homem. Cada humano é de um jeito, será que eles
irão se matar até restar apenas um? E esse um sozinho, irá sobreviver? O homem
é um ser injusto em busca de justiça, quantos mais sofrerão até que consigam
encontrá-la? Acho que todos.
Fim.
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