Do alto de um imenso e moderno
prédio no centro de alguma grande cidade, em um fim de tarde, se ouve o riso
fluido ecoando. A risada rodopia levada pelo vento gélido vindo da baía.
Parecia que uma tempestade se aproximava, trazida por enormes nuvens cinzentas
e se alguma das minúsculas pessoas na rua pudesse olhar com atenção para a
beirada do terraço do edifício, veria a sombra daquela que ria com serenidade,
mas qualquer pessoa normal duvidaria dos próprios sentidos.
A bela forma feminina, alta e
longilínea, revelava sua natureza mística devido a grande sombra das asas que
se projetavam de suas costas. Talvez se alguém pudesse, e ousasse, se
aproximar, poderia ver a pele pálida como a neve e as asas tão escuras quanto o
céu a meia noite. A pessoa de sorte ficaria enfeitiçado com os cabelos negros
de reflexos azulados, os cachos dançando ao sabor da brisa. Quando a encantadora
mulher se virasse e seguisse em sua direção, saberia estar diante de uma
rainha. Os passos leves e silenciosos, de pés escondidos pela longa túnica de
cor tão profunda como a madrugada e permeada pelo brilho das estrelas, e o
delicado tilintar das joias que parecem feitas de raios de luar.
Esta dama lhe seguraria o rosto com
suavidade e o meio sorriso em seus lábios o faria saber que iria amá-la para
sempre. Olhando em seus olhos, tão escuros e brilhantes quanto ônix, veria
todos os maiores segredos do universo e quando ela lhe envolvesse em seus
braços, se sentiria de volta ao lar. Ela diria:
- Bem vindo. – E seu coração
pulsaria mais forte, sabendo que ao som daquela voz, se move todo o universo e
tudo que nele habita.
Então dormiria, exausto, após o
êxtase de todas as sensações por ela provocadas, ciente que nos braços dela
nenhum mal poderia lhe atingir.
Quando se aproximasse a aurora e
chegasse a hora da despedida, a pessoa a veria montar em um belo carro guiado
por cavalos cor de ébano e rapidamente se afastar, fundindo-se ao céu.
Porém quando a aguda tristeza da
separação chegasse, olharia para o belo céu começando a se pintar de carmim e
saberia que ela ainda estava ali, para sempre em seu interior.
Pois quando se ama aquela que é a
primeira rainha do submundo, entendesse o que há no mais profundo de todos os
seres e enfeitiçado por aquela, que é a própria noite, se curva para receber
todos os mistérios do universo. Pois ela é aquela que surgiu primeiro, senhora
das trevas, do subconsciente e a mãe das feiticeiras.
Quando ouvir seu nome sussurrado
pela brisa, inunda-se com o poder de todas as forças indomáveis da natureza e se
joga na noite, voando no belo manto da grande domadora de homens e Deuses, a
poderosa Nyx!
Nenhum comentário:
Postar um comentário