quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Noite.

Do alto de um imenso e moderno prédio no centro de alguma grande cidade, em um fim de tarde, se ouve o riso fluido ecoando. A risada rodopia levada pelo vento gélido vindo da baía. Parecia que uma tempestade se aproximava, trazida por enormes nuvens cinzentas e se alguma das minúsculas pessoas na rua pudesse olhar com atenção para a beirada do terraço do edifício, veria a sombra daquela que ria com serenidade, mas qualquer pessoa normal duvidaria dos próprios sentidos.

A bela forma feminina, alta e longilínea, revelava sua natureza mística devido a grande sombra das asas que se projetavam de suas costas. Talvez se alguém pudesse, e ousasse, se aproximar, poderia ver a pele pálida como a neve e as asas tão escuras quanto o céu a meia noite. A pessoa de sorte ficaria enfeitiçado com os cabelos negros de reflexos azulados, os cachos dançando ao sabor da brisa. Quando a encantadora mulher se virasse e seguisse em sua direção, saberia estar diante de uma rainha. Os passos leves e silenciosos, de pés escondidos pela longa túnica de cor tão profunda como a madrugada e permeada pelo brilho das estrelas, e o delicado tilintar das joias que parecem feitas de raios de luar.

Esta dama lhe seguraria o rosto com suavidade e o meio sorriso em seus lábios o faria saber que iria amá-la para sempre. Olhando em seus olhos, tão escuros e brilhantes quanto ônix, veria todos os maiores segredos do universo e quando ela lhe envolvesse em seus braços, se sentiria de volta ao lar. Ela diria:

- Bem vindo. – E seu coração pulsaria mais forte, sabendo que ao som daquela voz, se move todo o universo e tudo que nele habita.

Então dormiria, exausto, após o êxtase de todas as sensações por ela provocadas, ciente que nos braços dela nenhum mal poderia lhe atingir.

Quando se aproximasse a aurora e chegasse a hora da despedida, a pessoa a veria montar em um belo carro guiado por cavalos cor de ébano e rapidamente se afastar, fundindo-se ao céu.

Porém quando a aguda tristeza da separação chegasse, olharia para o belo céu começando a se pintar de carmim e saberia que ela ainda estava ali, para sempre em seu interior.

Pois quando se ama aquela que é a primeira rainha do submundo, entendesse o que há no mais profundo de todos os seres e enfeitiçado por aquela, que é a própria noite, se curva para receber todos os mistérios do universo. Pois ela é aquela que surgiu primeiro, senhora das trevas, do subconsciente e a mãe das feiticeiras.

Quando ouvir seu nome sussurrado pela brisa, inunda-se com o poder de todas as forças indomáveis da natureza e se joga na noite, voando no belo manto da grande domadora de homens e Deuses, a poderosa Nyx!

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